7.18.2006

Suco azedo

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Fogo-fátuo

Um pão cego em mergulho
Numa travessa de vinho.
Teu nadar me empresta a fome.






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Conselho criado-mudo

Nas gavetas
Buscar o equilíbrio nas roupas não põe sereno

Nas estantes
O sereno, para ser sereno de uma sala
Num contexto de símbolos virtuais, é ferimento mudo
A realidade é virtual nas bocas fazendo modelos

Nas camas
É vendível a vontade dos homens
E consumível a psicologia do equilíbrio
O absurdo não se vende em fábricas de equilíbrio






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Sobre a graça

O laço na praça medida
O resto de ponto em cego olhar
As feridas que mudam as nossas verdades






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Pássaro de pedra não voa

Procurar penas para asas
Juntar pedras para montanhas

Se pedra,

ficar
Se asa,

quebrar os limites dos signos externos do desprezo

E como colecionador de trapos
Senta juntando pedras para as asas






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O Colecionador

O pássaro na gaiola. Mas a gaiola não é o pássaro.
O tolo cuida da gaiola, e o pássaro passa fome.

As penas ele junta como se pudesse recolher a liberdade fingida,
mas preso permanentemente no presente, rumina os dedos na memória.
E o pássaro,
com um cantar demente desata seu coração de inverno
confirmando que tudo aquilo era loucura.






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Dialogo da infrutificação

(nas feridas reinam os vermes, por quem lutas?)
(a mediocridade fede nas bocas das pessoas cheirosas)






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O espírito do tempo

existem muitas coisas que é preciso não saber mais







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O valor das coisas

Ela foi contra aqueles que diziam que tudo tem seu preço
Pois descobriu que muitas coisas fez sem que tivessem valor algum.

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