7.15.2006

O Vinho e a Sede

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Perto

De ti o que em mim
muda abotoando as
sementes do bem viver
é esse desfazer-me sopro
para poder entrar em tua
garganta dizendo segredo

De ti o que em mim
muda escalando o céu
removendo pedras
vibrando folguedos de
esperança é o devir perto




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Vontade

os músculos explodindo sombra em mim teu corpo chama a mão tateia a inexprimível sensação de espaço em ti para onde for tu me navegas os músculos explodindo sombra em mim teu corpo chama a mão tateia a inexprimível sensação de espaço em ti para onde for tu me navegas





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Altriz

é saboroso hospedar-me nas lembranças do teu gosto
ou nas labaredas de tua substância: minha nutrição





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Milagre

Nos desvios do tempo
o céu guarda súbitos caprichos.
Milagre em mim: tu-eu me existe.





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Grito/nome

Durante o tempo de silêncio eu me guardei
Guiei meus versos para flancos indistintos
Hoje que o devir me guarda
O silêncio se fez festa
A vida se fez sereno vivendo puro grito
E assim de um grito/nome meu corpo alma espaço se transfigura
E em extrema paz onipotente
És minha linda que nos altares da face do momento
Tua ternura branca e leve veste fogo para regar-me a vida





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Por graça tua sou maior que o mar

O mar salgadamente chora e lamenta

se movimenta como quem perdeu

o maior dos tesouros

arrasta seus cabelos algas pela areia

como quem se curva implorando a

volta do bem amado

a noite, enfeita o céu com estrelas

como quem oferece pedras

preciosas

pobre mar tão grande, imperioso

sente-se infinitamente pequeno

sua cabeça de espumas se afoga

entre as pedras

e em dilúvio suicida-se diariamente

sabendo pois que tu és minha

para graça minha, não és sereia

ele, o mar, nas águas sem te ter,

não é ninguém.





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E

o instante mais precioso

o meu tesouro

recanto macio, fina areia

onde, longe de qualquer deserto

me sinto teu bem

abraço bem amasso

a noite, enfeita o meu céu, és minha

colisão

como quem oferece pedras

preciosas

dá-me teus beijos

eco incontido de furor

crescido

de mulher pele espumas

cujo nome em mim é lei: lascividade

e

sabendo pois que tu és minha

para graça minha, tenho...





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Cantiga flor na flor

Tua pele em lava em mim
- na dança
Nós, lâminas cortantes,
- marfins
É fogo que queima a carne
Cheiro diluído no ar
- incenso
Inflamando tato, paladar, olfato
- incêndio
Minha boca a te beber os seios
e a degustar o leite
- sentido
Gestos teus, harmoniosa dança
E na perigosa harmonia dessa dança
Cada um de nós
se lança
No infinito abismo flor da flor do outro





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Cantiga para os teus beijos

Gosto dos beijos,
são beijos arquigostosos.
Não são beijos que eu possa encontrar
em qualquer uma a qualquer hora.
São beijos de mar,
que transforma o eu areia.
São beijos de chuva,
inundando o eu lavoura.
Quando estou em perigo eles me salvam.
São beijos super-héroi,
Que me tiram do abismo.
Gosto deles,
Beijos passarinho,
me fazem voar livre,
em nuvens beijomacias.
Quando estou cabisbaixo,
são beijos de ponte,
ajudam-me a ultrapassar meus limites,
dando-me coragem para pedir mais beijos

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