7.26.2006

O amor é uma uva roxa

Primeira Conversa


Vida: Qual a pior coisa que pode acontecer a alguém?
Princesa: Deixar de ser ele mesmo.
Vida: Explique mais.
Princesa: Deixar de ser o que se é, perder ou camuflar sua individualidade, suas vontades, seus desejos, sei lá, deixar de ser ele mesmo.
Vida: Não é isso que acontece muito nas relações dos sujeitos?
Princesa: É, mas sempre existe um jogo de interesse atrelado, eu perco aqui para ganhar ali, mas se acontecer uma anulação total essa pessoa não pode estar bem nessa relação, até concordo com o "ceder" como uma questão de conviver bem, no entanto, se perder por completo, não.
Vida: Há amor sem luta?
Princesa: Essa é difícil. Acho que não.
Vida: Explica
Princesa: Fala de amor no geral ou entre homem e mulher.
Vida: Agora me pegou. Vamos para o básico. Fiquemos com homem e mulher.
Princesa: O que é o básico?
Vida: A relação a dois, para não ir muito longe.
Princesa: Não, pois não é uma mágica, é algo que tem que ser construído, logo implica em luta, em "sofrimento", coisas do tipo.
Vida: Não existe em nós o desejo de determinar o outro?
Princesa: Sim. Só que no "jogo" temos que "saber jogar" e acho que esse é exatamente o ponto, são muitos sentidos envolvidos e esses fazem com que cheguemos a esse estado.
Vida: Alguém me falou que o amor é a experiência da aceitação mútua entre duas pessoas, com o projeto de assim permanecer, concorda?
Princesa: Permanecer enquanto durar e para que isso aconteça requer um exercício de ambos.
Vida: E como posso definir ou experimentar o amor?
Princesa: Poxa, essa é fogo. É uma coisa que não tem resposta concreta, pelo menos para mim, pelo menos até este momento.
Vida: O amor não seria certo desejo de dominação?
Princesa: Pode ser. Quando alguém perde o amor de outro podemos observar isto. Muitos quando perdem um amor choram por aquilo que deixaram de dominar. Quando se perde um "amor" o que fica é essa falta de algo que se dominava.
Vida: Amo mais quanto mais o outro se submete?
Princesa: Nem sempre. Existem situações que sim, mas nem sempre é assim.

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