E se não rasgo, o coração em pânico, o que nos enlaça, fios, fumaça,
o que zomba de sermos dois e age e ata, e se não me meto
para além do que fora, se persisto em deixar acontecer
(e não é por lassidão, por fraqueza, por negligência), se evito
tocar no assunto, e tomo outro gole e penso na fragilidade como uma flor ou tempo, na fortaleza dos oceanos e das estrelas
(essas coisas raras de todos e ninguém), e se resolvo
fechar os olhos e ouso imaginar, mas logo desisto, o fim de tudo,
e me revolvo e me abraço para não deixar fugir o que de ti
há em mim disperso, e se cuido e trato e passo ferro
para untar tecidos com fogo, veja bem,
se isso faço (e não rasgo), faço-o somente porque sei
o que entre nós nos liga e se esconde
(brinquedo de um vermelho diabo): o frágil toque